O QUE ACONTECEU
Hacker identificado apenas como Jota vendia informações sigilosas para criminosos. Ele é apontado como o responsável por fornecer os dados pessoais de Felca, que foram usados pelos criminosos que ameaçaram o youtuber no mês passado após vídeo em que ele denunciou a “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais.
Além de Jota, outros dois suspeitos foram presos nesta terça-feira (16). Um homem de 26 anos foi detido no Rio Grande do Norte por criar uma plataforma que “puxava” de forma ilegal dados pessoais em grupos de WhatsApp; o outro, também de 26 anos, foi preso em São Paulo por integrar uma quadrilha de fraudes contra médicos do Rio Grande do Sul.
Operação desta terça-feira foi liderada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com o apoio das polícias dos outros estados. Como os presos não tiveram as identidades divulgadas, não foi possível localizar suas defesas.
ENTENDA COMO FUNCIONA O ESQUEMA
Jota atuava como uma “fonte” de dados “extremamente sensíveis” de pessoas e órgãos públicos que eram vendidos para criminosos. Ele também é apontado como o “pilar técnico” de uma quadrilha com atuação em todo o país para invadir sistemas de informática, estelionato eletrônico e falsificação de documentos, de acordo com a investigação.
Suspeito tinha acesso a bases sigilosas de diversos órgãos governamentais, inclusive da Polícia Federal. Jota detinha acesso ao controle de voos domésticos e internacionais da PF, além de afirmar em grupos virtuais possuir 239 milhões de chaves Pix que ele teria extraído de um arquivo no sistema do Poder Judiciário, além de invadir sistemas de outros órgãos de segurança pública.
Quadrilha era organizada e cada parte exercia uma função. Veja como funcionava a organização criminosa, segundo o delegado Elbert Moreira.
Hacker: Jota tinha a função de invadir sistemas governamentais, roubar dados sigilosos e vender na internet. O suspeito cobrava até R$ 1.000 por “cliente” que comprava os dados roubados, de acordo com a polícia. Não foi informado quantos “clientes” ele tinha.
Painelistas: São os “clientes” do hacker, que comprovam de Jota as informações sigilosas para revender em grupos de Telegram.
Golpistas: Esses são apontados como os compradores dos dados revendidos pelo painelistas. De posse dos dados pessoais de terceiros, os golpistas aplicavam golpes em civis.
Prisões efetuadas nesta terça-feira (16) ocorreram na terceira fase da Operação Medici Umbra. As investigações tiveram início a partir de ataques e fraudes contra médicos gaúchos. Após as detenções dos executores, descobriu-se o organograma dos criminosos, com a invasão de sistemas de governo para usurpar dados pessoais de civis e autoridades.
AMEAÇAS A FELCA
Felca se tornou alvo de ameaças de morte após vídeo sobre “adultização”. No mês passado, o youtuber publicou vídeo-denúncia sobre a exploração de crianças e adolescentes na internet. A postagem dele resultou nas prisões dos influenciadores Hytalo Santos e Israel Vicente.
Homem foi preso por ameaçar Felca. Em agosto, um suspeito identificado como Cayo Lucas, de 22 anos, foi detido em Olinda (PE), apontado como autor de várias ameaças contra o youtuber.
Polícia descobriu que o suspeito também tinha acesso a sistemas da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. O preso também é suspeito de abusos virtuais contra menores de idade, entre outros crimes.