O relato surgiu quando Giulia comentou como comportamentos de controle acabam sendo naturalizados dentro de uma relação. “Começa muito antes. Começa com uma reclamação sobre o tamanho do seu short, com uma crítica que parece pequena. É assim que vai escalando”, afirmou.
Segundo ela, o tapa veio depois de meses de comentários sobre sua roupa, aparência e escolhas, sempre carregados de cobrança e vigilância.
Mesmo com informação, rede de apoio e acesso a debates sobre violência de gênero, Giulia contou que teve dificuldade para nomear o que viveu. “Eu tenho todas as ferramentas. Mas, mesmo assim, fiquei nesse lugar de: ‘Ah, não é violência, foi só um tapa’. É muito louco isso. A gente minimiza pra doer menos”, desabafou. “Meu Deus, eu levei um tapa na cara. Como não foi?”, completou.
A reação de Flávia Alessandra foi mencionada pela própria filha, em um dos momentos mais emocionantes do episódio. Giulia lembrou que, ao contar a agressão, ouviu da mãe: “Eu te criei a vida inteira sem nunca levantar a mão pra você.” E, em seguida, a frase que ficou marcada em sua memória: “Minha vontade era te colocar de volta na minha barriga.”
A jornalista Ana Paula Araújo, convidada do episódio e autora de livros sobre violência doméstica, destacou o impacto de relatos públicos como o de Giulia. “Quando você, que é uma mulher jovem, conhecida, fala sobre isso, você liberta um monte de gente”, afirmou. Para ela, a exposição quebrando o silêncio ajuda outras mulheres a reconhecerem os próprios ciclos de abuso.


