A Operação Underhand, conduzida pela Polícia Federal, investiga um esquema que teria operado em 51 prefeituras cearenses, com suspeita de cobrança de “pedágio” sobre emendas parlamentares destinadas aos municípios. O grupo, supostamente encabeçado pelo deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), teria exigido devolução de até 12% dos valores liberados, direcionando recursos a empresas ligadas ao esquema e movimentando verbas para campanhas e influenciadores.
A Polícia Federal deflagrou, em 8 de julho de 2025, a Operação Underhand, destinada a desvendar um esquema de desvio de emendas parlamentares e fraudes em licitações em 51 das 184 prefeituras do Ceará. Segundo a PF, há indícios de que prefeitos recebiam recursos liberados por parlamentares, sobretudo Júnior Mano (PSB), mediante pagamento de um “pedágio” estimado em 12% do valor das emendas, condição para liberação e direcionamento das contratações.
Os investigadores reuniram áudios e mensagens que apontam para uma atuação coordenada, com recebimento em tempo real das informações sobre os repasses e retorno financeiro. A apuração também identifica o uso das verbas para financiar campanhas eleitorais, promover apoiadores políticos, influenciadores digitais e veículos de comunicação.
O deputado Júnior Mano aparece como líder do grupo, coordenando o aporte de recursos federais a prefeituras específicas. Parte dessas prefeituras firmou contratos diretos com empresas indicadas pelo deputado, muitas vezes por meio de adesão a licitações de outros municípios, sem concorrência formal
Em Nova Russas, onde sua esposa, Giordanna Mano (PRD), exerce a prefeitura, foram apontados esquemas de direcionamento de verbas e manipulação eleitoral. Segundo a PF, esse tipo de operação tem impacto direto na lisura das contratações públicas e na gestão dos municípios envolvidos
O ministro relator das investigações, com base em parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmou que a prática comprometeu a imparcialidade e transparência das licitações, desviando recursos públicos e fragilizando instituições municipais
Prefeituras investigadas agora enfrent controles judiciais, bloqueios de verba e afastamentos de agentes públicos. A PF continua reunindo provas para subsidiar ações penais no Supremo Tribunal Federal.
Por Ricardo Silva
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